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Postado por Bernardino Brito terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


A visita da blogueira cubana  - Bernardino Brito

A visita da blogueira cubana Yoani Sánchez ao Brasil revelou o lamentável atraso em que se encontra determinados setores da chamada direita e esquerda, o primeiro querendo torná-la uma heroína e o segundo se esforçando por demonizá-la.

Infelizmente parte da mídia brasileira ainda tenta induzir o pensamento do telespectador brasileiro, quase que o considerando como um indivíduo néscio. A necessidade de defesa ideológica, pra não dizer, doentia, de parte da direita e esquerda, prejudica o debate, elimina a reflexão racional e desumaniza.

A humanidade precisa decidir acerca do tipo de sociedade que deseja construir de fato, não há receitas prontas e sim conhecimentos teóricos e empíricos que lançam luzes sobre os desafios que estão colocados. Uma postura de humildade deve imperar a fim de permitir o amadurecimento dessas e outras questões, de outro modo, não será possível qualquer tipo de avanço.

Os socialistas, aqui me incluo, devem aceitar sem receio que o modelo comunista da ex-União Soviética e do leste europeu não sobreviveu por uma série de fatores que exigem uma análise muito mais profunda. Todavia a impossibilidade de abordar o problema com maior riqueza de aspectos não me impede aqui de citar alguns pontos que julgo de grande relevância e que terminou por desgastar o modelo, sendo estes, baixa produtividade, escassez, falta de incentivo à criatividade e inovação pessoal,etc. Sem dúvida, o principal aspecto de degradação se traduziu na redução do homem a um mero instrumento do estado, um regime coletivista que negou demasiadamente o indivíduo, o que trouxe sérias consequências a liberdade.

A experiência demonstrou que por mais que uma sociedade esteja voltada as prioridades sociais, o excessivo poder nas mãos de poucos, a burocracia, o preconceito a propriedade privada e a constante vigilância ideológica, são elementos que no decorrer do tempo impõe limites a própria sobrevivência do sistema.

Quanto ao capitalismo, nós já o conhecemos bem, sobretudo em sua forma atual, neoliberal, selvagem, onde o mercado se faz soberano, reduzindo o papel do estado como regulador e gerenciador das relações sociais. Toda sociedade fica submetida ao jogo do livre mercado e da ciranda financeira, a liberdade capitalista tão exaltada e contraposta ao comunismo se desmorona diante dos escândalos de corrupção, fome, concentração de riqueza, violência, fraudes e crises cíclicas.

Nesse sentido, torna-se inviável a extrema direita insistir em difamar Cuba, país pobre, mas que alcançou índices sociais bem superiores a muitos países da América Latina e África.

No entanto, devemos reconhecer (eu de modo particular, porque estudei cuba por 12 anos) que o modelo chegou ao seu limite e o grande desafio de mudança se encontra nas mãos do povo cubano. Nossos militantes de esquerda precisam compreender e aceitar esta realidade, o esgotamento do regime cubano, do mesmo modo como a Europa também deverá aprender com a crise, e quem sabe ressuscitar a social democracia.

A aceitação dos limites do socialismo real e do capitalismo ajuda a oxigenar e organizar o pensamento e nos impulsiona e motiva para a busca de respostas, sabemos, porém, que não é tarefa fácil formular propostas para melhorar o mundo em meio ao caos econômico.
De algo temos certeza, a saída para a humanidade passa pelo diálogo e pela manutenção da paz entre os povos, afinal, não há mais espaço para truculência no mundo globalizado.

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