Blog Arquivo

Siga-me

Bíblia On Line

A QUEIMA DE ÁGUA NO SETOR ELÉTRICO

Postado por Bernardino Brito segunda-feira, 11 de março de 2013



Você já ouviu falar em queima de água? O termo aqui utilizado é o mesmo aplicado nas propagandas sobre queima de estoques das lojas de sapatos, roupas, eletrodomésticos e outros.

O que não passa pela cabeça de qualquer cidadão brasileiro é que essa queima de estoque também ocorre na geração de energia elétrica na forma de vazão de água das usinas, e mais, que este ato provoca a elevação dos custos que compõem a tarifa do serviço.

A política de despacho das usinas está tecnicamente equivocada, ou empresários do segmento termoelétrico, clientes livres e agentes de mercado praticam algum tipo de lobby interferindo diretamente na atividade com o objetivo claro de obter vantagens. O fato constatado é que cada vez mais os reservatórios das usinas hidrelétricas estão sendo consumidos em intervalos menores de tempo o que eleva o despacho das térmicas, o que não pode ser atribuído somente às condições hidrológicas e de crescimento econômico do país.

Para obter sobra de energia e proporcionar a sua venda no mercado de curto prazo (spot), as hidrelétricas são levadas ao limite de operação, zona de risco, a intensa e constante geração cria excedente energético. Para onde vai o excedente? Os chamados clientes livres podem efetuar contratos de curto prazo para a compra do “excedente” em leilões da câmara de comercialização a preços bem inferiores ao do mercado cativo.

Quando os reservatórios chegam ao limite crítico de geração, as termelétricas são acionadas para complementar a carga e ajudar a recuperar os níveis destes mesmos reservatórios. A transferência de energia do mercado cativo aos mercado livre trás sérios danos aos consumidores comuns em função da elevação dos custos de operação das termelétricas devido à queima de óleo, carvão, gás natural, bagaço de cana, etc. Os custos adicionais do sistema relativos a operação das termoelétricas são rateados entre todos os consumidores do mercado cativo, livrando os clientes livres e agentes de comercialização destes riscos e os transferindo a toda sociedade.

O procedimento também provoca sérias distorções ao fluxo de caixa das distribuidoras de energia, pois estas são obrigadas a arcar com os custos mensais do uso das termelétricas, assim, estes valores só começarão a ser devolvidos após o reajuste anual das empresas onde serão transferidos aos consumidores. O mercado de curto prazo já abrange 25% da energia negociada em contratos, o nível de especulação no setor cresceu a tal ponto que levou ao aumento da inadimplência entre clientes e agentes, resultado de operações precipitadas e desastrosas.

Espera-se que os efeitos da redução de tarifa ao segmento da indústria possa diminuir a pressão sobre o mercado de curto prazo promovendo o retorno de uma parte ao mercado cativo, uma vez que a grande maioria destes clientes pertence ao ramo da indústria. Se a migração ocorrer, certamente irão aumentar os ganhos de expansão de receita das distribuidoras melhorando a rentabilidade dos acionistas, a empregabilidade e os salários dos trabalhadores, mas é difícil prever em que nível e em que prazo.  Se o mercado livre continuar excessivamente aquecido, não restará alternativa ao governo, senão a intervenção e regulamentação mais rígida da atividade.

0 comentários

Postar um comentário